A Pregação Que Glorifica a Deus — Os 7 Fundamentos Essenciais
Por que o alicerce teológico é mais importante que técnicas de oratória para quem deseja ministrar a Palavra com poder
Não é pequena a oferta de livros sobre técnica de oratória, cursos prometendo "aprenda a pregar em X dias" ou cópias de sermões famosos sendo repetidos em púlpitos pelo país.
Muitas pessoas querem aprender maneiras de pregar, montar sermões e melhorar sua comunicação, mas frequentemente por motivações equivocadas. Reflita: você quer pregar para receber aplausos? Busca o status e reconhecimento que vê em outros pregadores? Está buscando aperfeiçoar-se motivado por vaidade ou orgulho?
Antes de qualquer técnica, você precisa ter clareza das convicções que sustentam sua missão. Com essa base sólida, todo o resto — estudos, métodos, oratória — fluirá naturalmente, não mais alimentado pelo ego, mas pela verdadeira vocação.
Quero compartilhar hoje sete convicções teológicas que acredito serem essenciais para todo(a) pregador(a). São fundamentos que precisam estar firmemente enraizados em sua mente e coração, para que você não se perca no caminho e, de fato, glorifique a Deus com seu chamado.
1. Deus é a razão da pregação
"Havendo Deus antigamente falado muitas vezes e de muitas maneiras aos pais pelos profetas, a nós nos falou nestes últimos dias pelo Filho." (Hebreus 1:1-2)
Por que pregamos? Porque Deus quer falar. O tempo que passamos proferindo palavras é por causa do Filho. Nós, que vamos pregar, só podemos ecoar a voz do Filho. Deus continua a falar, e nós pregamos porque Deus quer falar.
O fundamento da pregação é a revelação de Deus, é a Palavra de Deus. Do início ao fim da Bíblia — de Gênesis a Apocalipse — Deus está no centro. E o objetivo final da pregação é a glória de Deus.
Quem tem medo de ter oportunidade de entrar no ministério da palavra talvez tenha medo porque está se colocando no centro, olhando apenas para si mesmo. A razão da pregação é Deus, não você.
2. Fomos chamados para pregar
"Somos embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio." (2 Coríntios 5:20)
Todo cristão, no sentido amplo da palavra pregação, é chamado a pregar. Seja no trabalho, com amigos ou em família, quando testemunhamos Cristo, estamos pregando.
Nós não pregamos por conta própria. A autoridade não vem de nós; ela é conferida pela própria Escritura quando somos coerentes com ela. Somos chamados a pregar, e as formas são variadas.
Tenho uma irmã na minha igreja, com mais de 80 anos, que é uma grande pregadora — não porque ela pega o microfone na igreja e prega no púlpito, mas porque dedica sua vida a visitar pessoas e anunciar o amor do Senhor. Ela entendeu seu chamado e sua missão.
3. Deus age por meio da pregação
Uma das reflexões mais profundas que tive recentemente foi perceber como Deus age independentemente de nossas limitações.
Já aconteceu comigo: estava pregando sobre perdão, focando na necessidade de perdoar aqueles que nos feriram. Depois, ao conversar com um membro da igreja, ele me disse: "Nossa, Victor, quando você estava pregando sobre perdão, foi maravilhoso. Sabe o que vou fazer agora? Vou visitar mais minha mãe."
Perguntei: "Você não falava com sua mãe? Vai perdoá-la?"
A resposta foi: "Não, não tenho problema nenhum com minha mãe. Eu apenas senti um desejo forte de visitá-la mais, de dar mais atenção a ela."
Eu estava falando de perdão, mas Deus estava falando ao coração daquela pessoa sobre amor familiar. Embora devamos anunciar a mensagem com o maior estudo e fidelidade possível, não podemos pensar que as coisas acontecem somente porque nós estamos dizendo. Deus age por meio da pregação de formas que só Ele pode fazer.
"Aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura da pregação." (1 Coríntios 1:21)
4. As Escrituras determinam a mensagem
Parece óbvio, mas muitos pregadores, evangelistas e pastores falam tudo menos o que o texto diz. Falam suas opiniões, seus preconceitos, suas ideias — mas não foram chamados para isso. No púlpito, somos chamados para expor as Escrituras.
"Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo." (2 Timóteo 4:2)
Sempre fico preocupado com o método de pregação temática quando mal utilizado. Há pessoas que pegam um tema, vão à Bíblia procurar o que o texto fala sobre isso, e fazem uma "salada de frutas" com versículos fora de contexto.
Não somos nós que escolhemos o que o texto diz; é o texto que nos diz o que o Senhor quer falar. A Bíblia fornece o material da pregação. A autoridade não vem de nós, mas das Escrituras.
5. O Espírito Santo capacita a pregação
Sem a ação do Espírito, nossas palavras são apenas som. É o Espírito que convence, que transforma e que confirma a palavra. A inspiração vem do Espírito, que ilumina a mente do pregador.
A proclamação é fortalecida pelo Espírito. A convicção que vem por meio da mensagem é fruto do Espírito. A transformação que a palavra pode produzir na vida das pessoas também é fruto do Espírito.
Isso não significa que não precisamos nos preparar, achando que o Espírito Santo fará tudo por nós. O correto é você se esforçar, estudar, preparar. Mas todo esse processo — do estudo à pregação — é capacitado pelo Espírito.
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6. A mensagem deve falar primeiro ao pregador
Cresci na igreja, o que me gerou, em alguns momentos, um certo comodismo. Eu era uma coisa na igreja e outra coisa fora. Tive oportunidades de ministrar, liderando jovens e adolescentes, mas houve uma fase em que eu não estava apto para fazer aquilo.
Eu falava, ensinava, e as pessoas amavam me ouvir pregar. Eu recebia convites para ministrar aqui e ali. Mas era como se fosse automático; eu não refletia que o texto não era somente para os outros, mas era para mim.
É possível você ministrar uma mensagem maravilhosa que vai transformar a vida de pessoas enquanto sua própria vida está um caco. Isso é possível, e muitos "brincam" com isso. Há pregadores famosos que são excelentes comunicadores, mas cujas vidas estão distantes do que pregam.
A mensagem deve primeiro falar conosco, transformar e desafiar o mensageiro. A mensagem flui de um testemunho autêntico e de uma vida transformada.
7. A mensagem deve estar centrada em Cristo
Muitas pregações hoje são mensagens de autoajuda, cheias de ideias motivacionais, mas sem Cristo. Cristo é o tema, Cristo é o centro, Cristo é o nosso tesouro.
Toda pregação cristã precisa apontar para Jesus. Toda mensagem bíblica precisa evidenciar a graça e o projeto do Senhor Jesus. O pregador com convicções corretas fala com a graça, transmite a mensagem com autoridade e cumpre seu chamado com excelência quando evidencia Cristo Jesus.
"Se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa fé." (1 Coríntios 15:17)
As pessoas não podem sair de nossas igrejas, de nossos cultos, sem ouvir sobre Cristo. Não estamos em um clube, em uma reunião ou em um partido político — estamos em um culto cristocêntrico, onde a mensagem testemunha Cristo.
Concluindo...
Caro leitor, antes de buscar técnicas e métodos, antes de querer aprimorar sua comunicação ou montar sermões perfeitos, verifique suas convicções. São elas que sustentarão seu ministério e farão com que sua pregação não seja vazia, mas poderosa e transformadora.
Atualizações 📰
Na semana passada, publiquei o capítulo cinco de minha apostila "Pregação Expositivo-temática", abordando "O Esboço do Sermão". Nesta semana, avançamos para o sexto capítulo, onde trarei aos assinantes um esboço completo de uma pregação minha que segue todos os passos do método desenvolvido. Será um exemplo prático e detalhado para você entender como construir seu próprio sermão de forma estruturada.
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🧠 Processando na mente
📕 O que estou lendo:
A idade Antiga: Curso da História da Igreja - Franco Pierini
Amo ler sobre a história da igreja. Mesmo se não fosse uma paixão pessoal, faria parte do meu trabalho como teólogo. Este livro era muito recomendado durante minha época de faculdade pelo meu professor de história eclesiástica. Esta semana, o resgatei da estante e estou redescobrindo seu valor. A forma como Pierini apresenta a igreja primitiva nos conecta com nossas raízes cristãs de maneira acessível e profunda.
🎵 O que estou ouvindo:
Escutando este grupo vocal feminino afro-americano, que existe desde 1973 nos EUA. Eles tem uma performasse a capela belíssima, com um estilo musical por meio do gospel, spirituals, blues, jazz e música africana.
🎬 O que estou assistindo:
Programa Direto ao Ponto da Jovem Pan - Sobre o Novo Papa
Nas últimas semanas, um dos assuntos mais debatidos globalmente foi a eleição do Papa Leão XIV. Acompanhei com interesse este programa, que trouxe um debate equilibrado e informativo sobre o tema. Foi especialmente interessante para mim, pois conheço pessoalmente alguns dos participantes do painel. A discussão abordou as implicações teológicas e eclesiásticas desta nova liderança para a Igreja Católica e para o diálogo inter-religioso.
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Victor Romão.